JÁ OLHOU PARA OS SEUS PÉS HOJE?

Se tem uma coisa para a qual não tenho a menor desenvoltura é com a paquera. Pense num negócio complicado... Ficar alguns minutos (ou horas) trocando olhares com alguém que você julgou visualmente interessante sem saber de nada daquela pessoa. Se é gago, se é inteligente, se tem bafo, se mora na UR longe, se trabalha, se é honesto, se tem todos os dentes no lugar... Sei não. Nesse ponto, a paquera virtual do Orkut ganha em disparada para a dos barzinhos. Você olha o perfil do cidadão (desde que as informações procedam) e já fica sabendo de tudo, principalmente através das comunidades: “I Love Rio Doce”, “já surfei em Zé Pequeno”, “Estudei no Estadual”, “Fãs da Sala de Reboco”, “Eu pego o Rio Doce – CDU”, “Sou Pobre, mas sou limpinho”. Enfim, dependendo do interesse, você já descarta ou não.

Mas voltemos à realidade. Ivany me ensinou uma prática (segundo ela, infalível) de saber se o cara tem bom gosto ou não antes de conhecê-lo. Olhar para os pés. Como assim olhar para os pés? Sei não, mas ela desenvolveu uma teoria que diz que se a pessoa tem bom gosto com o calçado, todo o resto vale a pena. Fui dizer isso a um amigo meu que me disse que na época do Balança Rolha (é o novo...), a turma dele só ficava com as meninas que calçavam Reebok ou Nike. Agora pronto, como se eu já não tivesse muito o que fazer, agora tenho que decorar as marcas dos pisantes dos outros. Ivany disse que era pra prestar atenção se o danado tava limpinho, se a meia combinava com o sapato e por aí vai... Né muita loucura não?

Pois bem, lá estava eu numa boate pra lá de chatinha tentando usar a técnica dela. Quando eu percebia que algum homem estava admirando minha indescritível beleza, mirava logo nos pés dele. Enchi o saco de ficar olhando para Puma e Adidas. O mundo resolveu usar Puma! Eu saboreando meu Gordon´s na maior tranqüilidade e de olho nos pés. Quando o sapato prestava, o rosto era de tabacudo. Quando o rosto prestava, eu via aqueles mocassins com meia soquete (é o novo!) branca. Muito complicado isso. Até que me chegou um homem por trás (pense que eu quase morro) e perguntou meu nome com uma voz sussurrante no meu ouvido. Antes de dizer, olhei logo para os pés dele. Não enxerguei nada, tava escuro, fiquei desesperada. Digo ou não? Sim, ele era bonito, olhos verdes, tipo atlético, cara de boa gente, mas eu não via o sapato. E agora? Olhei para ele e disse: Hellen, mas eu já to de saída. E fui embora sem querer saber mais do pé de seu ninguém.

Hoje, uma figura entrou no meu Orkut (que coisa tão feia) e eu fui analisar seus atributos. Era algo assim: “Mulher não se pega, se conquista”, “Eu Sou Fiel”, “Quero um amor pra vida toda”, “Adoro viajar”, “tenho um Marea”, “Fãs da Over Point”, “Vivo em Morro de São Paulo”. Nem quis olhar mais nada. Uma pessoa dessa ou nem existe ou não deve prestar. Vamos em frente.