Eu quero namorar!

Pense a urucubaca, nunca mais tinha pego ninguém, mas resolvi aderir aos hits do momento: chupa que é de uva, senta que é de menta, rebola que é de carambola e lambe que é de jambre. Na verdade, eu queria mesmo era namorar sério, pois, depois de Ludo, nunca mais alguém tinha tocado no lado esquerdo do meu peito (mulher carente é brega demais!)

Até que conheci no pilates um cara fantástico, conversa boa danada. Depois de muitas aulas juntos, ele me convida para jantar... Restaurante fino e o cara pede cachaça... Ah, não! Explica-se: era um cearense fanático por Ypióca e eu também tava perdoando tudo naquele dia.

E lá estava eu, a pieguice em pessoa, mandando rajadas de coraçõezinhos para os olhos dele, suspirando por um sujeito que, antes mesmo da terceira dose de Ypióca com limão, já dizia que praticava Ioga (ele falava Iôga, né, que é pra quem é ninja da capa preta) e que já havia dado aulas de sexo tântrico.

Meu gin criando peixe, eu era só atenção aos detalhes do moço, já na fase da pré-paixão, doida pra me entregar de corpo e alma... Afe, daqui a pouco eu to cantando as músicas de Fábio Júnior ou de José Augusto: “as metades da laranja, dois amantes, dois irmãos”. Mulher é fogo, por mais metida a cavalo do cão que seja, poderosa, dona de si, quer sempre dormir de conchinha, comer pipoca no cinema, andar de mãos dadas no Shopping, tomar sorvete na roda gigante... Eita, aí eu exagerei, tomar sorvete na roda gigante nem no primeiro mês de namoro... Perdoem-me, é a fase carente.

O nome do sujeito é Cid Ney e eu quase não acreditei, só pra rimar. Ele explicou: “minha mãe quis fazer uma homenagem a Cid Moreira e a Ney Matogrosso, de quem é fã”. Então tá, né? Tirando o nome, o resto prestava: 1.79m, 42 anos, do meu top, todo saradinho, corre na beira-mar diariamente, brinco na orelha (lindo!), publicitário, divorciado, sem filhos, organizado na vida. Tudo de bom, nera? Mas eu fiquei logo pensando em como é que eu iria apresentar esse cara como namorado...

- Oi, Maura, esse é meu namorado, Cid Ney.
Não, eu não iria agüentar o risinho nada disfarçado de Maura...

Cid Ney pediu a terceira lapadinha e eu só pensando que ele não ia ver a dita dura, né? Já tava começando a pensar em chamá-lo de BM (Bimba Mole). E eu: você sempre bebe muito? E ele: “Só ao lado de pessoas especiais”. Ai que lindooooooooooooooo! Nessa hora, acho que até babei um pouco.

Conversamos sobre as falésias de Fortaleza, sobre a vibe positiva, a feira de Caruaru, o inventor do refrigerante e até a Nossa Senhora Desatadora de Nós entrou no papo. Quarto copinho de cachaça e eu já tava desistindo mesmo. Eu ainda na segunda dose de gin, já tinha pedido uma jarra de água de coco. E depois eu conto o resto que chegou um paciente.