quinta-feira, março 16, 2006

A SAGA DAS PANELAS AO CHÃO // HELEN QUIRINO DEU O TROCO

Depois que soube que foi traída, Helen resolveu descontar, dar o troco, prevaricar, cair na gandaia, fuleirar. E adotou o lema: É CANA, GRÉIA E GAIA! QUEM NÃO AGÜENTAR QUE SAIA!” A jovem não chegou a se tornar a mais promíscua das mulheres, mas também não se pode dizer que ela não deu pra quem quis. Helen deitou e rolou. E como deitou. E como rolou. E, neste Carnaval, aconteceu uma das histórias mais inusitada das da sua vida: a saga das panelas ao chão.

Numa das saídas noturnas de Helen (essa foi ao “dentista”), a garota resolveu só chegar após a meia-noite, com a clara intenção de unir a fome com a vontade de comer: Caiu na esbórnia com um lindo loiro de olhos azuis e foi dando o troco devagarinho ao marido pérfido. Veja a descrição da própria Helen Quirino:

PS: Escrito em Caruaru, ao lado de muitos amigos queridos.

Quase me acabo de tanto amar Alexandre Magno, nunca tinha visto tanta virilidade. Era um tal de joga pra cá, joga pra lá e não parava nunca. Com um nome desses, isso era o mínimo de poder que eu esperava do rapaz de olhos azulados e cabelo dourado que conheci acaso. Talvez, ele só tenha tido esse bom desempenho em virtude da garrafa de vinho que já estava contida no meu sangue.

Bem, cheguei em casa um tanto quanto zonza pelo vinho e pela luxúria. Eu cantarolava “tirinrin tirinrin tirinrin, alguém ligou pra mim!”, no carro, consegui dar boa-noite ao porteiro, que não sei por que me avisou que meu marido estava em casa. Achei que ele ainda estivesse viajando ou quem sabe com a tribufu dos mares, a satangosth, a pestilência, mas também não fiquei preocupada, pois era mais uma lição para justificar o Código de Hamurábi: Olho por Olho, Dente por Dente. Subi o elevador e continuei: “sou eu bola de fogo, o calor tá de matar”. Parei para me concentrar na dupla chave e fechadura, que dificilmente se encontram quando eu me emociono etilicamente. Quando finalmente consegui abrir a porta que girei o trinco, senti uma leve pressão e empurrei a porta com mais força. A partir daí, era o fim do mundo: panelas e mais panelas caíam umas em cima das outras pela sala, num barulho infernal, inacreditável numa casa. E me aparece o meu marido com cara de paisagem olhando pra uma cética mulher bêbada.

Ele dá início à inquisição: “isso é hora de uma mulher casada chegar em casa”. E eu: alôo, o que minhas panelas estão fazendo pela sala?. Ele disse: “eu perguntei primeiro”. E eu: Eu perguntei segundo e se não responder logo, você lavra, chispa, dá o L, some, desaparece, desencarna, faz a volta! Quem com ferro fere, com ferro será ferido e dane-se o mundo que não sou Raimundo. Antes que ele respondesse, toca o interfone. Era o porteiro dizendo que a vizinhança reclamava do barulho. Na inútil tentativa de raciocinar embriagada, disse ao funcionário que não era lá em casa. E perguntei: não é no 502 não? Aqui já estamos todos dormindo. O porteiro pediu desculpas e eu voltei à conversa com o traidor. Sim, e aí, o que danado foi isso? “Cheguei cansado, não agüentei esperar, mas quis saber a hora que você ia voltar”. Ahhhhhhhhhhhhhh, então essa parafernália de Rochedo, Ipan, Tramontina, Panex, era um despertador???????

Pense que eu ri com a inteligência do rapza... É o próprio Professor Pardal... Agora já sei por que o coletivo de panelas é bateria. É um barulho tão grande que chega a cegar. Não tinha noção do tanto de alumínio, inox e ferro que eu tinha dentro de casa. Depois, fiquei imaginando como ele tinha feito a engenhoca. Primeiro as coisas planas: baixelas, tigelas, bandejas, fôrmas de pizza. Depois, os pesados: panelas de Inox, panela de pressão, balde de gelo, coqueteleira, chaleira, cafeteira e rechaud. Depois, as mais barulhentas: cuscuzeira, pipoqueira, frigideira, caçarola. E dentro de cada recipiente desses, um faqueiro completo.

Descobri várias coisas com esse incidente. Primeiro, é que meu marido é burro ou então é um comediante, pois passei muito tempo rindo de tudo. Segundo, pela quantidade de utensílios de cozinha, posso montar um restaurante. Terceiro, as panelas de alumínio não são tão melhores que a de inox, pois aquelas amassaram bem mais. Quarto, meus vizinhos são afáveis, pois no lugar deles, eu teria escandalizado o prédio inteiro.

Fui dormir e sonhar com Alexandre, o magno, o grande!

8 comentários:

Anónimo disse...

Pense que Helen Quirino tem um verdadeiro arsenal da cozinha barulhenta em casa...e o seu marido querida...na verdade...não passa de um comediante, desses que, na verdade, tem momentos engraçados, mas que, na maioria das vezes, só conta piadas engraçadas...E viva o talento e o humor de Aninha Lima...e viva as aventuras de Helen Quirino e viva a vida!!!

Anónimo disse...

Tá ótimo isso Helen...via seu humor...!!!!

Anónimo disse...

Puta merda, helen, tu é muito foda. Oia, Aninha responde isso aqui:

"Cada bloguista participante tem de enunciar cinco manias suas, hábitos muito pessoais que os diferenciem do comum dos mortais. Além de dar ao público conhecimento dessas particularidades, tem de escolher cinco outros bloguistas para entrarem, igualmente, no jogo, não se esquecendo de deixar nos respectivos blogues aviso do 'recrutamento'. Ademais, cada participante deve reproduzir este 'regulamento' no seu blog."

Anónimo disse...

Ameeeei o texto! Ri demais sozinha aqui no office, pense... (Nem conhecia todas aquelas marcas de panelas...)

Anónimo disse...

Ana,

adorei a Helen!!! Mas não podemos dar essa idéia aos maridos ou seremos todos expulsos dos nossos respectivos condomínios. Adorei "o emocionada etilicamente"!!!! ler o teu texto me fez lembrar de um sotaque e um vocabulário que está guardado com carinho lá no fundo da memória. bjs

Anónimo disse...

Mas essa Helen Quirino se mete em cada uma!!! Panelaço como despertador!!! Essa foi demais!!!

Alugo apto mobiliado RJ disse...

Seu blog é maravilhoso, me identifiquei com muita coisa!
Mandei seu link pra minha mãe que sei que vai amar ler suas histórias!
um beijo

Alugo apto mobiliado RJ disse...

Adorei seu blog!
Me identifiquei com muitas histórias.
bjo