Crônica Muderna

Aí, depois de um dia inteiro conversando com o André, eis que ele propõe que nos conheçamos. Marcamos num barzinho tranqüilo aqui perto. Disse-lhe que estaria de vestido azul e ele chegou de camiseta verde. Eu o reconheci de longe, já tinha visto seu álbum no Orkut e ficou muito fácil identificá-lo. Ele me cumprimentou, sentou e disse:

- Nossa, seu cabelo tá diferente das fotos do Orkut.
- Pois é, cortei ontem, expliquei.
- Engraçado, eu imaginava você de uma forma diferente, disse
- É porque você não tinha me visto em 3D ainda.
- Tinha, sim. Quando nós abrimos a webcam, não lembra, Adriana?.
- Ah, mas webcam é muito artificial, os movimentos parecem de robô
- Pois é.
- Pois é, eu disse.
- Didi, é assim que te chamam, né? Eu vi nos scraps...
- É sim, os amigos... Aliás, também vi nos seus scraps que muitas mulheres te chamam pra sair. Você deve ser muito assediado.
- Eu? Veja que fala. Fiquei impressionado com a quantidade de depoimentos de homens, dizendo que você era gata e até declarando amor em público.
- Ah, André, esses são os ex, que ficam fuçando minha vida. Você é ciumento, né? Vi que você participa da comunidade “Mulher minha não cozinha pra fora!”.
- É, sou ciumento, sim. Já você é mais tranqüila, né? Você está na comunidade “Ninguém é de ninguém”, “Eu amo a liberdade” e “Homem nenhum bota moral em mim”.
- Você também tem asma? Notou que a gente tá na mesma comunidade, a “Eu uso Aerolin Spray”? – eu estava tentando mudar de assunto.
- Pois é....
- André, quem é aquela Suzana, que vive postando comentários no seu blog?
- Ah, Suzana é minha ex-mulher. Ela também vasculha minha vida virtual. Tenho que ficar sempre conectado na internet, vendo o que vão postar no blog e nos scraps, porque senão ela detona.
- Nossa, que escravidão!!!
- É, Adriana, Orkut, blog e msn são uma escravidão. Às vezes sinto falta do bate-papo do 145.
- Nossa, aquilo devia ser um nojo!
- Pois é.