terça-feira, dezembro 27, 2005

Daiane não sabe nada...

Muitas vezes questionamos a aplicação de informações adquiridas na escola, tais como os afluentes do lado esquerdo do Rio Amazonas, o valor do PI (não lembro nem o que é PI, quanto mais sua serventia), a dica da tabela periódica (Bela Margarida Casou com Senhor Barão Raivoso), a cadeia dos carbonos (que hoje só conhecemos como papel que suja os dedos), equações de primeiro e segundo graus, seno, co-seno, medianiz, mediatriz, fatorial (aquela exclamação ao lado do número. Um absurdo, isso é uma completa invenção!!!). Mas um conhecimento em especial vem me tirando o sono de uns dias para cá: o centro de gravidade do corpo.

Não me lembro das aulas de Física de Beraldo Neto, um professor alto de voz grave, cabelos cacheados e pernas enormes. Se lembrasse, talvez soubesse explicar onde está o meu centro de gravidade e conseguisse decifrar o porquê de tantas quedas ultimamente.. Perguntei a meu sobrinho sobre o assunto e ele me explicou, como que numa feira de ciências, que o centro de gravidade do corpo se localiza no centro de aplicação do seu peso (???). Segundo a decoreba dele, quando a distribuição de massa de um objeto é homogênea (tem que ser meu caso), o seu CG coincide com seu centro da massa. Caso contrário, se o corpo tem forma irregular, o centro não coincide.

Atravessando a Avenida Cásper Líbero (tinha que ser jornalista) apressadamente, desequilibrei de um salto de uns cinco centímetros, curvando primeiro meu corpo para a direita, na vã tentativa de obter o equilíbrio, resvalando o pé esquerdo, arrastando-o pelo chão nada macio de um asfalto quente. O pé foi e voltou. A sandália foi e ficou, tendo sido esmagada por um ônibus e um carro sem graça. O calçado foi prontamente resgatado por Ivany, companheira de todas as quedas, que foi logo avisando que a sandália estava em ordem. Mas meu pé... Quanta dor.. Uma ralação e uma luxação. Queria ir ao Sírio Libanês ou ao Albert Einstein (o nirvana do hipocondríaco), mas Ivany queria comer o tal pastel de bacalhau do Mercado Municipal. Democraticamente, Ivany e Valmir decidiram ir ao pastel.

Mais duas horas andando pelo centro de São Paulo e meu pé pedia socorro. Meus (da onça) amigos me encorajavam a continuar o percurso e fomos em frente. Voltamos de metrô (nem pensar em ir a pé) e, chegando na Estação Paraíso, tínhamos que correr para pegar a composição do outro lado. Nessa corrida, algo aconteceu com o meu centro de gravidade e eu executei na melhor performance, o duplo carpado twist, sem nem precisar do “Brasileirinho”. Primeiro, flexionei o joelho direito, dei uma meia lua de compasso, uma estrelinha e BUMMMMMMMMM! A finalização não foi boa, o joelho esquerdo (que estava apoiando tudo), bambeou para um lado e para o outro e veio a queda, o estouro, o baque, o tombo.

Eu caí no Paraíso e, por isso mesmo, acho que tive a Experiência da Quase Morte, tal como o Tião de Glória Perez, com o boi Bandido. Estava morrendo de dor e via dois túneis na minha frente (um que ia e um que vinha) e um metrô que provavelmente me levaria ao purgatório. Minha “alma” via Ivany e Valmir olhando para baixo. Eles não sabiam se riam ou se riam muito. Devo ter escutado uma voz especial que dizia: “Levanta-te e anda!”. Era Valmir, dizendo que a gente ia perder o metrô.

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