sábado, novembro 03, 2007

Percival, Percival...

Tá certo que já vi 101 tipos diferentes, mas nada foi como o meu ex-namoradinho Percival, do qual eu nem me lembrava mais. O nome é feio, mas a figura agrada à vista, garanto. Ele é bom de feição e executa com perfeição a arte de fazer uma mulher feliz horizontalmente, verticalmente e até na diagonal... Pois é, até atravessado o bicho é bom. Mas até chegar na hora H, passei por alguns obstáculos. Quase desistia, mas a curiosidade foi maior.

Minha amiga Betty disse que ex é igual a vestido de 15 anos: você não acredita que usou aquilo. Mas esse caso é diferente. Eu tomei foi um susto quando vi aquele amigo de faculdade ali à minha frente. O caba era liso, andava com aquelas roupas da quarta geração de irmãos, puxava baseado, era cabeludo e até meio fedido, para falar a verdade. Demos uns pegas entre uma e outra aula de anatomia, mas nunca chegamos naquela hora básica de examinar detalhadamente os corpos. Era só meninice e mesmo. Se bem que, durante alguns plantões, ficávamos no estar dos médicos assistindo tv até a madrugada. E o melhor programa era a Sessão de Gala. Mas sabe que eu não tinha mais aquilo na memória? Será que ainda existe Sessão de Gala hoje? Falo do programa, claro...

Pois o menino cresceu, viu? E não é que Proctologia (foi a área que ele escolheu, enquanto eu preferi Clínica e Cirurgia Geral) dá dinheiro? Percival não anda mais de metrô, tem uma caminhonete dessas que os homens juram que são capazes de atestar sua masculinidade. Toda preta, com tudo blindado: vidro blindado, lataria blindada, lanterna blindada, até o piso era blindado. Pensei logo: valei-me, o bicho deve ter blindado até a rola. Do jeito que as coisas andam...

Percival também não usa mais aquela camiseta de Che Guevara, cuja gola era tão aberta que não era mais nem canoa, era um transatlântico.. O ex-socialista agora usa até perfume importado. Logo ele, que queria ser médico da Cruz Vermelha, só pra servir melhor ao próximo. Ia ser interessante um proctologista na Cruz Vermelha. Só me lembro daquela piada de Madre Teresa de “Qual Cu Tá”. Tô a fim de contar não, se quiserem, procurem no gúgol.

O GALANTEIO DE PERCIVAL
Para me impressionar, ele fez todas aquelas coisas manjadas que os homens fazem apenas nos primeiros encontros: abriu a porta do carro, sorriu de tudo o que eu falava, disse que o tempo havia me feito bem e eu estava até mais linda... E eu pensando: se ele soubesse que eu tô só a fim de girar o taxímetro, certamente economizaria esse verbo todo.

Fomos a um restaurante em que ele deve ir todos os dias, pois os garçons o cumprimentavam e nos arranjaram a melhor mesa, em frente para o mar e sob uma lua linda. O bicho tinha ficado fútil mesmo. E conversava sorrindo (parecia que tava posando eternamente para uma foto), e fazia caras e bocas, como quem implora: ‘EI, TODO MUNDO! OLHE PARA MIM!” O Cepacol dele tava gritando, o hálito tava tão fresco que chegava a arder nos meus olhos. Ele pensara em tudo mesmo.

Olhou nos meus olhos, pegou na minha mão e disse: “encomendei essa lua todinha para você”. Era empáfia demais pra uma caruaruense de modestos hábitos. Então, resolvi entrar no jogo e fazer o que todo homem gosta: bancar a frágil. Baixei o rosto demonstrando total vergonha de olhar nos olhos dele, acho que fingi tão bem que tinha ficado até vermelha. E ele: “Hellen, você continua a mesma menina de sempre”.

Minha amiga anestesista, Inês, uma vez disse que homem é tão burro que dá raiva. E eu tava gostando do teatro. Passei todo o jantar fazendo ar de moça frágil, simples, quase caipira. Não pense que eu não goste do jogo de sedução não. Eu adoro, mas só quando a história é verdadeira, não essa invenção de Percival que, no fundo, no fundo (fundo mesmo!) só tava a fim de me comer. E eu a ele.

3 comentários:

Anónimo disse...

Chega Ana Cristina, chega! Vou te lincar na Coluna. Mais pessoas têm que ler isto! Puta que pariu! Com o perdão do palavrão, eu ri demais com essa agora da Hellen!

Mas conta aí: ele blindou ou não blindou a rola? Porque se ele é proctologista, faz sentido.

Kkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkk.

Parabéns, muito bom mesmo!

Anónimo disse...

Hellen...homem é tudo burro, bando de idiota......tá ótemo o texto...beijo Ana, quando tu vem pra cá de novo?!?!

em foco disse...

adorei sua historia ...hehehehehe
bjs
adoro vc viu